Afinal a miuda tinha razão!

Na semana passada, nós emprestámos uma pen á madrinha da T. Ontem ela ligou a dizer que tinha passado lá por casa e a tinha deixado na caixa do correio. Ao chegar a casa o N. foi ao correio e como não estava lá nada, peguntou ao pai se tinha tirado o correio e se tinha visto uma pen verde com um fio verde.

Avô: Não vi nada.

N: Se calhar caiu para o chão e não viste.

Eu: Se caiu para o chão a esta hora os cães já a apanharam.

Avô: Não caiu nada. Não estava lá nada. Cá para mim ela enganou-se na casa.

N: Alguma vez! A rapariga está farta de cá vir. Lá se ia enganar na casa!

Enquanto decorria esta conversa a T. saltitava á nossa volta a dizer:

T: Pai, eu vi uma coisa verde lá fora. Eu vi uma coisa verde lá fora.

Avô: Não viste nada!. Estás só a dizer isso porque o teu pai falou nela.

T: Mas pai, eu vi a coisa verde.

O N. foi ao alpendre e olhou (literalmente) lá para fora e (claro) não viu nada.

Avô: Não está nada lá fora. Não estava nada no correio. Ela se calhar não pôs lá nada.

T: Mas, eu vi. Eu vi uma coisa verde, pai.- Insistia a miuda.

Então, eu resolvi ir lá fora ver. Ela foi atrás de mim. Fui até ao correio, voltei a abrir e nada. Fui até às casotas dos cães, vi lá dentro e nada. Por fim, já a chegar à vedação do outro lado, caido no chão lá estava “a coisa verde”. A pen estava intacta, mas o fio que a agarrava estava cortado pelos dentinhos afiados dos traquinas. A miuda ficou excitadíssima:

T: Mãe, posso ser eu a dizer ao pai, posso?

Eu: Vai lá.

No fim o avô só dizia “não sei como é que caiu no chão e eu não vi”. Afinal... afinal a miuda tinha razão!