Estou...

Chocada, triste, desiludida e estupefacta

(post extra longo)

Eu e a E. passamos de colegas de trabalho a amigas. Entrámos na empresa na mesma altura e para as mesmas funções e ao longo do tempo fomos contruindo uma amizade. Quando a M. nasceu eu pedi à chefia para mudar de funções, uma vez que no serviço onde estava, pelo menos uma semana por mês saia às 20h e para mim, que moro na outra margem, era complicado gerir o infantário e toda a logistica que um bebé necessita. E a chefia percebeu e concordou.

Esta semana foi proposto à E. abraçar novos desafios, o que ela aceitou de imediato. E com isso implicou a saida dela do actual serviço. Eu, que conheço perfeitamente o departamento onde estou e que tenho consciência que o lugar dela não poderia ficar vazio, porque é imprescindivel o serviço ter no minimo 5 pessoas, sabia que ia “sobrar “ para mim, porque neste momento eu sou a unica pessoa, alem das que já lá estão, que conhece as funções. Tambem tenho consciência que não é facil encontrar uma pessoa com perfil certo para tal e que não é algo que se aprenda em 2 dias. Assim, na quarta feira no final do dia, a minha chefia explicou-me tudo o que eu já sabia, e disse-me que teria de voltar a exercer estas funções, pelo menos até encontrarem alguem, porque tambem têm consciência da minha situação e vão tentar resolver as coisas o mais depressa possivel. Isso implica, como é obvio voltar ao horario das 20h.

É claro que não fiquei radiante, apesar de já estar á espera. No entanto, agora as miudas já estão um pouco mais crescidas e mais independentes. O que me chateia é que alem do transtorno em minha casa, vou ter que provocar tambem transtorno na da minha sogra, porque durante essa semana terá de ser ela a fazer o jantar e tratar das miudas. Mas sei que ela tambem não se vai importar muito. Alem de que, nessa semana, como entro mais tarde, vou poder levá-las á creche e na rotatividade, vou ter duas semanas em que saio cedo, o que me vai permitir gerir melhor as coisas á noite. Por isso, não é assim tão mau como isso e há que ver o lado positivo da coisa : ) Em termos de funções não é uma promoção nem despromoção, o nivel é exactamente o mesmo.

Isto tudo para vos enquadrar e chegar ao fulcral da questão. Ontem acumulei as duas funções, uma vez que não posso, de repente, deixar a minha sem a passar a alguem, e estou a relembrar e a actualizar-me para onde vou. E aqui dirigi-me à M. para lhe colocar umas questões. O que me chocou profundamente foi verificar a alegria dela, estava estupidamente feliz! Parecia que para ela tinha sido uma especie de vingança. Eu estava estupefacta porque sinceramente não percebia o que ela iria ganhar com o facto de eu regressar a estas funções nem me lembrava de alguma vez lhe ter feito mal. Na hora de almoço comentei com a E. a atitude da M.. Após algumas hipoteses, a E. colocou a hipotese de que a M. assumiu que eu me tinha zangado com ela, porque tive de regressar ao serviço antigo devido á sua saida. Como a M. não gosta da E. e não ficou nada satisfeita com a promoção dela, seria para a M. uma vingança o facto de a E. ser promovida mas perder a amiga.

Eu na altura não quis acreditar, era ridiculo! Agora eu ia lá me zangar com a E. por isso! Não fazia sentido! Eu fiquei feliz com a promoção dela, ela merece, pois é uma optima profissional. Alem de que como já expliquei acima, fosse quem fosse que saisse iria sempre sobrar para mim.

Mas, o facto é que depois de almoço a atitude da M. mudou. Ou seja, perdeu aquela felicidade inexplicável e voltou a ser a pessoa de todos os dias. E comecei a rever o dia e realmente de manhã, quando a E. chegou eu disse-lhe, na brincadeira, “estou zangada contigo, não falo mais contigo, já não gosto de ti”. A E. entrou no jogo, fingiu-se muito triste e pediu-me desculpa e disse “quer dizer que nos próximos tempos tenho de ir almoçar sozinha”. Isto foi tudo dito num tom normal, ao qual a M. assistiu. Mas sinceramente pensei que se percebesse perfeitamente que não passava de uma brincadeira, até porque se me tivesse zangado a serio nunca iria fazer aquele espectáculo.

Devido às novas funções de ambas, eu e a E. quase não falámos durante a manhã o que deve ter convencido ainda mais a M. que estariamos zangadas. Mas quando viu que afinal fomos almoçar juntas como sempre e que não estava zangada com ela, voltou ao normal.

Eu posso estar a tirar péssimas conclusões, mas sinceramente não vejo outra explicação para as atitudes da M. ontem. E confesso que fiquei muito chocada, triste, decepcionada com a falsidade e o mau fundo dela. Não a imaginava assim. Então, nós só nos damos com as pessoas se podermos tirar algum partido disso? Apartir do momento em que fui “prejudicada” por causa da E. deveria cortar relações com ela? Desculpa! Mas trabalho é trabalho, conhaque é conhaque, e eu sei separar as coisas.

Ainda estou a digerir. Até nem consegui dormir bem esta noite de tal modo isto me afectou. Por isso resolvi colocar este testamento aqui de modo a que fique registado e para o caso de me esquecer (not)